figurino, produção e idealização da foto by Kamilla
Perdi meu relógio...
As horas não me dizem respeito;
As horas não me trazem respeito.
Em minha casa fechada as horas se comprimem gritam e dançam
Mas não me tocam.
Quando eu tinha um relógio...
Eu me sentia mais digna perante aos meus...
(de qualquer forma mística e imprecisa),
Mais ligada à realidade social;
(e de qualquer forma subterrânea)
Mais parte da engrenagem.
Agora as horas estão loucas e eu as desprezo...
Pois junto ao meu relógio de pulso
Atirei todas as convenções sociais
E me rendi à verdade incerta,
Dancei e chorei aos pés da vida;
Cometi os atos mais infames e os mais santos, lancei-me ao céu e lama;
Obriguei desesperada e calma a vida a me responder. Fiz!
(e me senti de forma verdadeira e profunda parte da existência!)
Sem relógio, sem convenções sociais ou tato
Nua, pude ouvir brevemente o silêncio (bela melodia divina)
E sair do tempo onde não há vida nem morte,
Onde a razão se curva e tudo tem o lindo significado da falta de finalidades...
Não importa o que se sabe
O Eu é só um conceito aleijado!
Sei que o relógio é um artefato de primeiríssima importância para a
sobrevivência
Moderna...
Mais me coração dilatado já não tem parâmetros ou medições!
E as horas; elas são como deuses distantes e imperceptíveis
Eu as abandono ao tempo onde elas caem diante da eternidade e perdem o sentido.
Nós somos um lampejo no universo atemporal, a parte isto,
Tudo é tão absurdo quanto tudo.
O universo segue sem relógio
E nosso mundo está repleto de horas!
Kamilla Santos